Wednesday, August 17, 2011
Nunca se escreve para Si Mesmo
O escritor não prevê nem conjectura: projecta. Acontece por vezes que espera por si mesmo, que espera pela inspiração, como se diz. Mas não se espera por si mesmo como se espera pelos outros; se hesita, sabe que o futuro não está feito, que é ele próprio que o vai fazer, e, se não sabe ainda o que acontecerá ao herói, isto quer simplesmente dizer que não pensou nisso, que não decidiu nada; então, o futuro é uma página branca, ao passo que o futuro do leitor são as duzentas páginas sobrecarregadas de palavras que o separam do fim.
Assim, o escritor só encontra por toda a parte o seu saber, a sua vontade, os seus projectos, em resumo, ele mesmo; atinge apenas a sua própria subjectividade; o objecto que cria está fora de alcance; não o cria para ele. Se relê o que escreveu, já é demasiado tarde; a sua frase nunca será a seus olhos exactamente uma coisa. Vai até aos limites do subjectivo, mas sem o transpor; aprecia o efeito dum traço, duma máxima, dum adjectivo bem colocado; mas é o efeito que produzirão nos outros; pode avaliá-lo, mas não senti-lo.
Proust nunca descobriu a homossexualidade de Charlus, uma vez que a decidiu antes de ter começado o livro. E se a obra adquire um dia para o autor o aspecto de objectividade, é porque os anos passaram, porque a esqueceu, porque já não entra nela, e seria, sem dúvida, incapaz de a escrever. Aconteceu isto com Rousseau ao reler o Contrato Social no fim da vida.
Não é portanto verdade que se escreva para si mesmo: seria o pior fracasso; ao projectar as emoções no papel, a custo se conseguiria dar-lhes um prolongamento langoroso. O acto criador é apenas um momento incompleto e abstracto da produção duma obra; se o autor existisse sozinho, poderia escrever tanto quanto quisesse; nem a obra nem o objecto veriam o dia, e seria preciso que pousasse a caneta ou que desesperasse.
Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois actos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objecto concreto e imaginário que é a obra do espírito. Só há arte para os outros e pelos outros.
Jean-Paul Sartre, in 'Situações II'
Wednesday, July 27, 2011
"I'm not a thinking mind, I'm a talking mind!"
Dúvidas, assaltam-me todas as noites, são más, cruéis, degradantes!
Será isto, será aquilo?Quero aqui, quero acolá!
Para mim preciso de todo o tempo do mundo.Preciso de mim!
O tempo escapa, os desejos igualmente...
Quantos desejos podemos ter numa vida?
Tenho tantos quanto posso,
tantos quanto os minutos que correm nas veias.
Vão e vêm!Quero tudo, mas não quero nada!
* foto retirada do blog http://papagaio.wordpress.com
Monday, July 18, 2011
Calcanhoto!
E porque eu não moro mais em mim...
Devo dizer que há dias dificeis, por mim, pelos outros, pelos demais...Porque outrora houveram tempos de glória. Porque ansiamos por eles e ao mesmo tempo evitamo-los.
Porque sofremos por nós e pelos outros. Porque recordamos tempos passados e sorrimos ou choramos. Porque a vida é assim "full of memories".
Adriana Calcanhoto devo dizer, porque o dia em que EU fui mais feliz...ainda não chegou!
Roubamos ideiais, recriamos ideias e pintamos novos quadros da vida. E a vida é feita disto mesmo.
Devo dizer que há dias dificeis, por mim, pelos outros, pelos demais...Porque outrora houveram tempos de glória. Porque ansiamos por eles e ao mesmo tempo evitamo-los.
Porque sofremos por nós e pelos outros. Porque recordamos tempos passados e sorrimos ou choramos. Porque a vida é assim "full of memories".
Adriana Calcanhoto devo dizer, porque o dia em que EU fui mais feliz...ainda não chegou!
Roubamos ideiais, recriamos ideias e pintamos novos quadros da vida. E a vida é feita disto mesmo.
Tuesday, March 29, 2011
Vai um empurrãozinho?
Uma hora com três minutos, esta é a hora que marca o visor. Hora de trabalho para alguns, porque a vida está só para os ricos e para aqueles que transbordam sorte pelos poros. Enquadro-me claramente naqueles que trabalham a esta hora...
Felizmente não me enquandro nos "acomodados", dá-me nervos acomodar-me!Sinto um arrepio na espinha com a possibilidade do "por longos anos".
Ao mesmo tempo que procuro segurança, esta dá-me volta ao estomâgo. Que remédio tenho senão engedrar um novo plano?
Algo se forma no horizonte, vejo talvez uma luz, mas preciso de um incentivo...Vai um empurrãozinho?
Felizmente não me enquandro nos "acomodados", dá-me nervos acomodar-me!Sinto um arrepio na espinha com a possibilidade do "por longos anos".
Ao mesmo tempo que procuro segurança, esta dá-me volta ao estomâgo. Que remédio tenho senão engedrar um novo plano?
Algo se forma no horizonte, vejo talvez uma luz, mas preciso de um incentivo...Vai um empurrãozinho?
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